A prática de atividade física na infância traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento infantil além da prevenção/tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. Inclusive, é um dos pilares da medicina do estilo de vida, tema que gosto bastante de relacionar na pediatria. Pois, a criação de hábitos saudáveis desde da infância, tendem a se perpetuar na vida adulta no futuro.
No momento, tem-se dado bastante ênfase na relação da prática de atividade física e o sistema imunológico. Evidências robustas demonstram um papel anti-inflamatório do exercício fisico sobre o sistema imune. Porém, é preciso estar atento à duração e à intensidade da atividade, pois são fatores que modulam essa relação. Ou seja, atividades físicas de intensidade moderada aumentam as defesas do organismo, ao passo que exercícios muito intensos podem causar imunossupressão. Evidencias cientificas também demonstram que atividades físicas moderadas, por 30-60 minutos, regularmente estão associados à diminuição da mortalidade e das taxas de incidência de doenças respiratórias. Reforçando a importância de se manter mais ativo neste tempo de pandemia.
Segundo o último guideline da OMS (2020), crianças e adolescentes entre 5-17 anos, deveriam realizar em média 60 minutos de atividade física de intensidade moderada a vigorosa por dia, incluindo 3 dias por semana de atividade aeróbica vigorosa incluindo modalidades que estimulem ossos, músculos, mobilidade articular além de exercícios envolvidos no desenvolvimento motor e de habilidades como equilíbrio e coordenação. Isso inclui brincadeiras, esportes, jogos, transporte, recreação, educação infantil ou exercício planejado, no contexto familiar, escolar ou comunitário.
Mas como saber a dose certa? Assim como nós adultos, as crianças dão sinais, seja pelo cansaço, pelo sono agitado, oscilações de humor ou resfriados recorrentes que precisa descansar. Cabe a nós, pais e cuidadores estarmos presentes para perceber e ajustar o nível de atividades da criança.
É importante lembrar que a criança também precisa do “ócio criativo”, ou seja, aquele momento em que o brincar é livre, sem interferência de regras. As brincadeiras e o brincar com outras crianças é fundamental para explorar os próprios sentidos, o aprendizado espontâneo, desenvolver a criatividade além do aprendizado do convívio em sociedade.
FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria, WHO Guidelines on physical activity and sedentary behaviour, 2020