Situações em que a criança apresenta febre, sem dúvida são o maior motivo das consultas pediátricas. Se a febre for alta então, a preocupação tende a ser maior, transformando um sinal comum em uma verdadeira febrefobia. Mas calma, não precisamos nos desesperar!
O que é na verdade a febre?
A febre é uma manifestação clínica frente a uma agressão, geralmente externa, como aos agentes infecciosos, vírus, bactérias e toxinas. A temperatura corporal mais alta, acelera as reações metabólicas e enzimáticas, auxiliando o sistema imunológico a responder mais rapidamente aos agentes agressores.
E quanto a magnitude da temperatura? Quanto mais alta a temperatura, mais grave o quadro?
Na verdade, não existem evidências clínicas de que a temperatura tenha valor prognóstico ou diagnóstico nos quadros infecciosos. O importante é o conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo paciente e interpretados com cautela pelo pediatra. Entretanto, na faixa etária dos recém-nascidos e lactentes jovens, existe a relação entre temperaturas mais altas com maior gravidade do quadro, geralmente associados a infecções bacterianas.
Qual termômetro é recomendável para todas as faixas etárias?
O termômetro para todas as faixas etárias é o digital na região axilar.
Já o termômetro auricular, também muito bom, é recomendado em bebês a partir de 1 mês de idade.
Os métodos físicos, como banhos frios, são recomendados para redução da temperatura corporal?
No quadro febril não. Eles diminuem a temperatura corporal externa apenas temporariamente, sem redução de fato da febre (temperatura corporal central). Além de serem desconfortáveis para as crianças, provocando calafrios e irritabilidade.
É seguro intercalar antitérmicos?
Essa prática é muito comum entre as famílias. Porém várias publicações alertam para os riscos de intoxicações e pela falta de evidências científicas de que funcionam na mesma intensidade da monoterapia. É sempre prudente entrar em contato com o seu pediatra para orientações quando a febre é mais persistente.
Se eu intercalar antitérmico, vou prevenir a convulsão febril?
A resposta é não! A convulsão febril ocorre em indivíduos predispostos e não em qualquer criança que apresente febre. Ela geralmente ocorre com a rápida ascensão da temperatura e tem um caráter benigno, sem sequelas neurológicas.
Não podemos usar o ibuprofeno em pacientes com COVID-19?
No início da pandemia a organização mundial da saúde contraindicou o uso do ibuprofeno por medo de agravar a infecção pelo SARS-CoV-2 por aumentar a sua expressão no organismo. Após exaustivas investigações, essa suspeita não se confirmou e atualmente o CDC, FDA e OMS recomendam o uso do ibuprofeno para tratar febre na criança com COVID-19.
Podemos usar os antitérmicos preventivamente à aplicação de vacinas?
Um estudo no Lancet (2009) mostrou que apesar das reações febris diminuírem, eles não são recomendados profilaticamente por reduzirem a resposta aos antígenos vacinais. Salvo em casos específicos onde a reação adversa a vacina fui muito intensa.
Fonte: Manejo da Febre Aguda – Documento Científico dos departamentos de pediatria ambulatorial e infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (10/2021).