A pandemia causada pelo SARS-CoV-2 trouxe muitas peculiaridades em relação a doença Covid-19 em crianças. Em todo o mundo, as crianças e adolescentes apresentam em sua maioria, formas mais leves ou assintomáticas da doença. Com raras exceções, ocorrem casos mais graves como a Síndrome Inflamatória Multisisitêmica.
Várias são as hipóteses para essa ocorrência, como menor expressão de receptores ao vírus, exposição recente a outros coronavírus – proteção cruzada, imunidade inata mais desenvolvida, entre outros.
O que sabemos sobre a COVID-19 em crianças de 0-19 anos com base nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde em seus boletins epidemiológicos?
Foram comparadas as taxas de hospitalizações e de mortes por COVID-19 em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos (grupos etários que representam mais de 25% da nossa população) no ano de 2020, com as respectivas taxas registradas no ano de 2021. Observou-se que:
- Em 2020 o grupo de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos representou 2,46% do total de hospitalizações (14.638/594.587) e 0,62% de todas as mortes (1.203/191.552).
- Em 2021, até dia 1 de março, o percentual de hospitalizações e mortes em crianças e adolescentes foi respectivamente de 1,79% (2.057 de um total de 114.817 hospitalizações) e 0,39% (121 de um total de 30.305 mortes).
- A taxa de letalidade em crianças e adolescentes hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave relacionada à COVID-19 foi de 8,2% (1.203/14.638) em 2020, caindo para 5,8% (121/2.057) em 2021.
Segundo a nota técnica, quando se avaliou os mesmos dados num recorte de crianças menores de 6 anos de idade os dados apontaram, da mesma maneira, até o momento, para uma redução na proporção de hospitalizações e mortes em crianças em relação ao total reportado, assim como taxas de letalidade mais baixa.
A análise contínua e o monitoramento do comportamento da doença nos diversos grupos etários é uma ferramenta fundamental de vigilância para que se compreenda a epidemiologia da COVID-19.
Esperamos que com o avançar da vacinação nas populações alvo e também em breve da população pediátrica, tenhamos uma diminuição substancial das mortes e hospitalizações na população geral, assim como a proteção das crianças e adolescentes de formas graves, e também o maior controle na transmissão do vírus na comunidade.
Referência: Nota Técnica da SBP: Dados Epidemiológicos da COVID-19 em Pediatria, 17/03/21